segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Memórias do meu "liceu"


Acabado de ler o livro "Memórias do Liceu Português", testemunhos de mais de 80 mulheres e homens que frequentaram os liceus ( no sentido genérico de ensino liceal, técnico, público e privado), recolhidos por Sara Marques Pereira, e "picada" por um post no "Vida exacta", vi-me a reflectir sobre as minhas memórias e o porquê destas memórias.
Lembro-me perfeitamente do meu exame de admissão ao liceu, no verão de 1962 - do erro ortográfico que dei no ditado (príncepe em vez de príncipe), dos "fidalguinhos" que a minha mãe me levou no intervalo dos exames (e que comi debaixo das tílias - sim, já lá estavam...), e da minha oral de português. Não me lembro das outras orais nem dos outros exames. Porquê? Não sei.
Lembro-me do guarda-chuva partido com o peso da neve naquele sábado de fevereiro de 1963, e da alegria que tivemos quando na segunda-feira seguinte não tivemos aula para poder brincar com a neve.
lembro-me de correr, mal tocava, para o meu campinho de espeto para aproveitar todos os minutos a jogar ( o espeto era uma chave de fendas que eu aguçava no banco de pedra ao pé do meu campinho)
Lembro-me do meu primeiro desenho a guache ( o tema era :"o que vês da tua janela?") que eu pintei sem diluir a tinta e que valeu um "elogio" da professora quando o entregou: "Cá temos um trabalho de peso" , e a nota foi 9 (aprendi duramente o que era a ironia).
Lembro-me de uma professora nova de matemática por quem toda a gente esperava como professora na primeira aula desta disciplina (a Drª Guilhermina Barros). Tive de esperar até ao último ano do liceu para poder usufruir das espectaculares aulas desta professora (ainda não consigo distanciar-me e escrever algo que revele a saudade que tenho da professora, da amiga, da "sócia").
Lembro-me da tristeza que senti quando em 1964 soube que ia ser "deportada" do Sá de Miranda para o novo liceu feminino (que frequentei até ao fim do liceu; contrariada, é certo...).
Lembro-me de muito bons professores( a Drª Augusta Cadillon, de Matemática, a Drª Dalila Azevedo, a Português, o arquitecto David Caravana, a Desenho, a DrªDelfina a Física-Quimica, a Drª Artemísia, a Inglês, a Rosa Ulisses, a Geometria Descritiva, a Drª Joana Guedes a Ciências Naturais ( a única professora que nos tratava por "tu"). Doutros, muito poucos, lembro-me pela negativa, mas de outros não me lembro.Porquê? Não sei.
O que recordamos? O que esquecemos? Ninguém consegue recordar tudo, ninguém consegue esquecer tudo... É assim a memória

1 comentário:

Unknown disse...

Fiquei muito feliz ao ler a sua referência aos bons Professores que teve... Um deles era a minha Mãe, Dalila Azevedo. Obrigado. José Veloso

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